Um blog destinado à luta contra a instauração de uma nova ditadura no Brasil







terça-feira, 19 de julho de 2011

Quem ama, informa!

TRANSPARÊNCIA = CONFIANÇA

Por que tanto segredo em torno do câncer de Hugo Chávez? Ele admite sofrer de câncer, mas não especifica o tipo nem a gravidade da doença. Ele também não a comprova por intermédio de boletins médicos independentes. Enfim, existe uma obrigação legal que obrigue o presidente da república a divulgar o estado de sua saúde?

A verdade é que esse é um tema complexo que envolve muitos aspectos: desde questões de transmissão constitucional do poder a questões de privacidade de pacientes. Cada país tem o seu jeito de lidar com essa questão e quase sempre depende de detalhes dos casos individuais, tais como gravidade da doença e/ou a capacidade de exercer as funções do cargo. O mais frequente é que as próprias autoridades decidem de forma autônoma sobre a extensão da divulgação de seu estado de saúde.

Segundo artigo de Gabeira publicado no Estadão, “o direito de conhecer a saúde dos dirigentes é inexistente na Venezuela".

Legalmente, Hugo Chávez está no seu direito ao decidir guardar segredo em relação a sua doença. Se de fato se trata de uma lacuna no direito venezuelano, trata-se também de uma lacuna no direito de muitos países. Inclusive do Brasil.

Há, porém, segundo minhas extensivas pesquisas, no mundo inteiro, uma obrigação ética e moral que pesa sobre o presidente e até o candidato de informar o seu estado de saúde na medida em que a sua capacidade de governar afeta a todos os cidadãos da nação. A observância dessa obrigação ética e moral pode servir para medir a grau de apreço do político em relação à transparência em geral. Não que qualquer um deixaria de medir o impacto de sua doença na opinião pública ou sua provável utilização pela oposição. A diferença entre o sigiloso e o transparente é a confiança que cada um tem no jogo democrático e o respeito e consideração que cada um tem com os cidadãos.

No caso do manipulador, sua doença pode ser uma ferramenta a mais: ele vai divulgando aquilo que interessa no momento oportuno ou no momento inadiável segundo o caso. Sua doença, verdadeira ou falsa (só ele sabe a verdade), é utilizada para estabelecer um vínculo emocional com um eleitor considerado emotivo e irracional, pronto para ser induzido a sentir pena e compaixão em época eleitoral. Trata-se também de acuar a oposição que fica inibida de criticar um doente e que poderá ser tachada de desumana. Enfim, o manipulador transforma os sentimentos e temores das pessoas no seu campinho de jogo político, induzindo, iludindo, manobrando as pessoas como se fossem criancinhas dependentes e idiotas sem a mínima consideração com seu bem-estar real ou direito de conhecer a realidade de seu governo para se posicionarem de acordo.

O político transparente, por outro lado, considera o cidadão como sendo um adulto responsável, pensante e digno ter pleno conhecimento da realidade do governo que, afinal, lhes pertence. O governo, na democracia, pertence aos cidadãos, inclusive a presidência. Ele divulga o seu estado de saúde da mesma forma que ele divulga os números da economia, ou seja, como sendo uma informação relevante para o bom funcionamento do governo e da política. Para o democrata, o sistema político e o poder dos cidadãos são maiores do que a figura ou a pessoa do presidente e dessa maneira ele se insere como uma parte da maquina, uma parte importante, mas uma parte apenas, substituível pelo bem e o futuro da nação.

Dessa forma, o andamento do país segue tranquilo, quase indiferente aos solavancos e os dramas pessoais do presidente que apesar de sempre ser importante, nunca será determinante para a sobrevivência do Estado e seu funcionamento. O assassinato de Kennedy, por exemplo, institucionalmente, foi apenas um soluço quase imperceptível para os Estado Unidos, apesar de ter sido um drama humano nacional.

Na Venezuela, desgraçadamente para o povo daquele país, o presidente se posicionou acima de todos e de tudo, inclusive do funcionamento do governo. Ele logrou amarar o seu destino pessoal ao destino do governo e da administração. Esse câncer, se de fato existe (não há como saber com certeza), terá o poder de jogar todo o futuro político do país numa incerteza potencialmente mortífera para a sociedade civil. Hugo Chávez apostou todas as fichas da estabilidade política na sua própria sobrevivência física e política. Se a doença for verdadeira ela se tornou na sua última jogada desesperada, se ele sobreviver surgirá como um líder mais forte do que nunca (que conveniente, não?) e se ele vier a falecer deixará um vácuo perigoso no poder que poderá resultar numa guerra civil sangrenta. ESSE É O AMOR QUE HUGO RAFAEL  CHÁVEZ FRÍAS SENTE PELO SEU POVO.

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