Um blog destinado à luta contra a instauração de uma nova ditadura no Brasil







quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O PMDB traído. Ou: A democracia respira

Na política, onde tudo é opaco para quem está de fora e as análises mediáticas objetivas e imparciais são raras, um dos poucos recursos que dispõe aquele que tenta tirar sentido dos fatos e acontecimentos noticiados é a seguinte pergunta: a quem interessa isso?

Isso não significa que as consequências dos fatos políticos estão subordinadas a um ente manipulador terreno e omnipresente.

Entretanto, um movimento político pode sim estabelecer prioridades absolutas em nome das quais nenhum sacrifício é grande demais. Foi o caso da eleição de Dilma, por exemplo, onde o PT e Lula sacrificaram qualquer pudor ideológico, histórico ou programático para este fim (aliança com a ala mais feudal do PMDB representada por pessoas como Sarney, Collor, Renan Calheiros, e a utilização criminosa da maquina do Estado, sindicatos e ”movimentos sociais” e do dinheiro público na campanha presidencial fraudulenta de 2010). Não se pode esquecer-se da façanha de Lula de se passar pela "encarnação do povo" enquanto deputados petistas do maranhão faziam greve de fome dentro do congresso nacional.

Essa habilidade política que consagrou Lula agora faz falta à Dilma. Com isso, veremos provavelmente um Congresso mais livre das rédeas de um executivo menos hábil para a manipulação.

 Neste cenário, é improvável que os radicais consigam passar as mudanças constitucionais radicais e liberticidas que uma bancada governista unida poderia passar no congresso, já que eles são a maioria esmagadora. A liberdade de imprensa respira, o direito a propriedade respira, a democracia respira.

 

O que queremos entre o PMDB e o PT? BRIGA! BRIGA!

 

Governo ignora trégua com o PMDB e mexe em 208 cargos do segundo escalão

Levantamento feito pelo ‘Estado’ revela que do dia 5, quando a presidente Dilma Rousseff anunciou que estariam suspensas as nomeações de cargos para evitar conflitos entre petistas e peemedebistas, até terça, a média foi de 23 nomeações por dia

18 de janeiro de 2011 | 23h 01
João Domingos, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - A ordem da presidente Dilma Rousseff para que fossem suspensas as nomeações para o segundo escalão até fevereiro - uma forma de evitar novas brigas entre o PT e o PMDB por causa do domínio dos cargos - não virou lei nem dentro do Palácio do Planalto. Todos os dias o Diário Oficial da União traz novas nomeações para esses cargos, assinadas por uma única pessoa: o ministro Antonio Palocci, da Casa Civil, que despacha em um gabinete no quarto andar do Palácio.
Do dia 5, quando passou a valer a ordem de Dilma Rousseff, até ontem, Palocci assinou 208 nomeações e exonerações para cargos do segundo escalão, o que dá uma média de 23 por dia.
De acordo com o levantamento feito pelo Estado, boa parte dessas nomeações atende aos ministérios comandados pelo PT, como Comunicações e Saúde, que já foram do PMDB e agora se transformaram no ponto principal da discórdia dos dois partidos que comandam o Poder Executivo.
Origem
Foi por causa das nomeações do petista Helvécio Miranda Magalhães Jr. para a Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), do Ministério da Saúde e de Mário Moysés para a presidência da Embratur que o PMDB ameaçou ir à guerra contra o PT.
Para pôr Helvécio Miranda na SAS, o PT desalojou de lá Alberto Beltrame, um protegido do PMDB. Essa secretaria conta com R$ 45 bilhões para gastar nesse ano, principalmente em repasses para o Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de uma poderosa máquina geradora de votos para o partido que a comanda, pois o SUS está presente em todo o País.
Quanto à nomeação de Mário Moysés para a Embratur, esta também ajudou a incendiar a já conturbada relação entre PT e PMDB. Acontece que Moysés é ligado ao PT. Mas Antonio Palocci perguntou ao líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), se ele poderia transferi-lo da secretaria executiva do Ministério do Turismo - entregue aos peemedebistas - para a Embratur. Henrique Alves concordou. Logo depois, veio a demissão de Beltrame.
Traição
O PMDB acusou Palocci de traição. Henrique Alves bateu boca com o novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Foi quando as relações entre os dois partidos entraram na fase crítica que levou a presidente Dilma a anunciar a suspensão das nomeações - o que acabou ficando só nas intenções.
Depois de uma breve pausa para que todos fizessem as pazes, com reuniões entre a presidente Dilma, Palocci, o vice-presidente Michel Temer e o líder Henrique Eduardo Alves, as nomeações ficaram suspensas por pouco tempo. A ideia de suspender definições para o segundo escalão partiu do próprio Temer, como forma de conter insatisfações do PMDB e evitar que o partido pudesse retaliar o governo em votações no Congresso.
O centro das preocupações do Planalto era que o mal-estar pudesse afetar a votação das presidências da Câmara e do Senado.
Inicialmente, após o acerto, o Diário Oficial só publicou nomeações negociadas entre as duas siglas. Mas, com as nomeações feitas para o Ministério da Integração Nacional, em que integrantes do PSB varreram peemedebistas deixados lá pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, o PMDB voltou a reagir.
Trégua
Coube então ao ministro Antonio Palocci começar a nomear os indicados pelo PMDB, mais uma forma de aplacar a ira do partido.
Nesta quarta-feira mesmo deverá tomar posse na presidência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Mauro Hauschild, indicado pela ala do PMDB liderada pelo presidente do Senado, José Sarney (AP) e pelo líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL).
O cargo era dominado pelo PT, que comandava o setor desde a primeira posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2003.
A Previdência sempre entrou na cota dos ministérios estratégicos do PT. Mas, com Dilma, acabou sendo entregue ao PMDB, numa tentativa de compensar as perdas nas pastas das Comunicações e da Saúde.
A nomeação de Hauschild foi assinada no dia 14 por Palocci. O posto de presidente do INSS é um dos mais cobiçados e está na cota do PMDB, que passou a ter o domínio do Ministério da Previdência Social, ao qual a autarquia é subordinada.
O novo ministro da Previdência, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), utilizou a cerimônia de transmissão do cargo para qualificar o ministério de "um abacaxi".
Junto com Hauschild, Palocci nomeou Jaime Mariz de Faria Jr e Rogério Nagamine Costanzi para cargos na Previdência Complementar e no Regime Geral de Previdência. Neste mesmo dia foi publicada a exoneração, assinada também pelo ministro Palocci, de Murilo Francisco Barella e João Donadon, ambos ligados ao PT.



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