Gosto de relembrar o personagem Winston do livro “1984”, clássico de George Orwell que faz uma crítica aos regimes totalitários como os de Stalin e Hitler. No livro, o protagonista, Winston Smith, funcionário de um regime totalitário, trabalhava no Miniver (Ministério da Verdade) e seu ofício era transformar a realidade; ele alterava dados e jogava os originais num incinerador de tudo que pudesse contradizer as verdades do Partido.
Eu me recordo que alguns anos atrás, pouco tempo depois do episodio do mensalão, encontrei-me com um conhecido que começou a defender, com convicção, a idéia segundo a qual o mensalão não passava de uma conspiração cujo objetivo era a derrocada do governo Lula (Inclusive, nestes últimos dias, o Lula vem afirmando que o mensalão foi uma farsa).
A minha primeira reação foi de perplexidade: Como é possível fazer tal afirmação diante de tantos documentos oriundos de tantas fontes independentes como jornais, revistas, ministério público, testemunhas e extratos de banco? A minha segunda reação foi de preocupação. O cidadão que defendia o absurdo era bem sucedido financeiramente, não tinha o rabo preso com o governo e não era analfabeto, muito pelo contrario. Se o governo conseguiu convencer alguém com esse perfil, deve ter conseguido convencer muitos outros, sobretudo, os mais intelectualmente vulneráveis.
Desde então, passaram-se duas eleições presidenciais e uma enxurrada de mentiras enaltecedoras do governo e calúnias difamatórias deflagradas contra os adversários políticos, propagadas inclusive com o apoio explicito de órgãos do governo e estatais. Simultaneamente, houve ataques contra a liberdade de imprensa como nunca houve desde a redemocratização. O Lula chegou a afirmar que o que importa é a versão, não os fatos.
Lutar contra esse governo tornou-se numa luta pela preservação de uma das coisas que nos faz humanos: O PODER DE PERCEBER A REALIDADE E AGIR DE ACCORDO COM ELA.
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